terça-feira, 29 de abril de 2008

Frase da semana


"...Lula salvou o capitalismo brasileiro..."
Delfim Neto - Ministro nas gestões Costa e Silva, Médici e Figueiredo. Aquele que assinou o AI-5...AI-5 aquela lei que assassinou milhares de brasileiros. Ele assinou ela assassinou! Aquele que assina apóia aquele que mudou de lado! Famoso transformismo que o Gramsci tanto fala...

sábado, 26 de abril de 2008

Grândola Vila Morena

Grândola vila morena foi composta como homenagem à "Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense", onde no dia 17 de Maio de 1964, José Afonso fez uma atuação. É nessa atuação que o cantor conhece o guitarrista Carlos Paredes, ficando impressionado com "o que esse bicho faz da guitarra!" (expressão do próprio José Afonso numa carta aos pais).
José Afonso fica também impressionado com a coletividade: um "local obscuro, quase sem estruturas nenhumas, com uma biblioteca com claros objetivos revolucionários, uma disciplina generalizada e aceite entre todos os membros, o que revelava já uma grande consciência e maturidade políticas".
Esta canção tornar-se-á famosa ao ser escolhida como senha para a revolução do 25 de Abril. Houve duas senhas. A primeira, às 23h, foi a música "E depois do adeus", de Paulo de Carvalho. Grândola, que foi a segunda, passou no programa "Limite" da Rádio Renascença às 0.20h do dia 25. Foi o sinal para o arranque das tropas mais afastadas de Lisboa e a confirmação de que a revolução ganhava terreno.
"Vivi o 25 de Abril numa espécie de deslumbramento. Fui para o Carmo, andei por aí... Estava de tal modo entusiasmado com o fenómeno político que nem me apercebi bem, ou não dei importância a isso de Grândola. Só mais tarde, com o 28 de Setembro, o 11 de Março, quando recomeçaram os ataques fascistas e a Grândola era cantada nos momentos de maior perigo ou entusiasmo, me apercebi bem de tudo o que ela significava - e, naturalmente, tive uma certa satisfação".

Fonte: http://www.citi.pt/

As Portas que Abril abriu - José Carlos Ary dos Santos





Era uma vez um país onde entre o mar e a guerra vivia o mais infeliz dos povos à beira-terra.
Onde entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras um povo se debruçava como um vime de tristeza sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza.

Era uma vez um país onde o pão era contado onde quem tinha a raiz tinha o fruto arrecadado onde quem tinha o dinheiro tinha o operário algemado onde suava o ceifeiro que dormia com o gado onde tossia o mineiro em Aljustrel ajustado onde morria primeiro quem nascia desgraçado.
Era uma vez um país de tal maneira explorado pelos consórcios fabris pelo mando acumulado pelas ideias nazis pelo dinheiro estragado pelo dobrar da cerviz pelo trabalho amarrado que até hoje já se diz que nos tempos do passado se chamava esse país Portugal suicidado.
Ali nas vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras vivia um povo tão pobre que partia para a guerra para encher quem estava podre de comer a sua terra.
Um povo que era levado para Angola nos porões um povo que era tratado como a arma dos patrões um povo que era obrigado a matar por suas mãos sem saber que um bom soldado nunca fere os seus irmãos.
Ora passou-se porém que dentro de um povo escravo alguém que lhe queria bem um dia plantou um cravo.
Era a semente da esperança feita de força e vontade era ainda uma criança mas já era a liberdade.
Era já uma promessa era a força da razão do coração à cabeça da cabeça ao coração. Quem o fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.
Esses que tinham lutado a defender um irmão esses que tinham passado o horror da solidão esses que tinham jurado sobre uma côdea de pão ver o povo libertado do terror da opressão.
Não tinham armas é certo mas tinham toda a razão quando um homem morre perto tem de haver distanciação uma pistola guardada nas dobras da sua opção uma bala disparada contra a sua própria mão e uma força perseguida que na escolha do mais forte faz com que a força da vida seja maior do que a morte.
Quem o fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.
Posta a semente do cravo começou a floração do capitão ao soldado do soldado ao capitão.
Foi então que o povo armado percebeu qual a razão porque o povo despojado lhe punha as armas na mão.
Pois também ele humilhado em sua própria grandeza era soldado forçado contra a pátria portuguesa.
Era preso e exilado e no seu próprio país muitas vezes estrangulado pelos generais senis.
Capitão que não comanda não pode ficar calado é o povo que lhe manda ser capitão revoltado é o povo que lhe diz que não ceda e não hesite– pode nascer um país do ventre duma chaimite.
Porque a força bem empregue contra a posição contrária nunca oprime nem persegue– é força revolucionária!
Foi então que Abril abriuas portas da claridadee a nossa gente invadiua sua própria cidade.
Disse a primeira palavra na madrugada serena um poeta que cantava o povo é quem mais ordena.
E então por vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras desceram homens sem medo marujos soldados «páras» que não queriam o degredo dum povo que se separa.
E chegaram à cidade onde os monstros se acoitavam era a hora da verdade para as hienas que mandavam a hora da claridade para os sóis que despontavam e a hora da vontade para os homens que lutavam.
Em idas vindas esperas encontros esquinas e praçasnão se pouparam as feras arrancaram-se as mordaças e o povo saiu à rua com sete pedras na mão e uma pedra de lua no lugar do coração.
Dizia soldado amigo meu camarada e irmão este povo está contigo nascemos do mesmo chão trazemos a mesma chama temos a mesma ração dormimos na mesma cama comendo do mesmo pão.
Camarada e meu amigo soldadinho ou capitão este povo está contigo a malta dá-te razão.
Foi esta força sem tiros de antes quebrar que torcer esta ausência de suspiros esta fúria de viver este mar de vozes livres sempre a crescer a crescer que das espingardas fez livros para aprendermos a ler que dos canhões fez enxadas para lavrarmos a terra e das balas disparadas apenas o fim da guerra.
Foi esta força virilde antes quebrar que torcerque em vinte e cinco de Abril fez Portugal renascer.
E em Lisboa capitaldos novos mestres de Avizo povo de Portugaldeu o poder a quem quis.
Mesmo que tenha passado às vezes por mãos estranhas o poder que ali foi dado saiu das nossas entranhas.
Saiu das vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras onde um povo se curvava como um vime de tristeza sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza.
E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesia volta à barriga da mãe. Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu.
Essas portas que em Caxias se escancararam de vez essas janelas vazias que se encheram outra vez e essas celas tão friastão cheias de sordidez que espreitavam como espias todo o povo português.
Agora que já floriu a esperança na nossa terra as portas que Abril abriu nunca mais ninguém as cerra.
Contra tudo o que era velho levantado como um punho em Maio surgiu vermelho o cravo do mês de Junho.
Quando o povo desfilou nas ruas em procissão de novo se processou a própria revolução.
Mas eram olhos as balas abraços punhais e lanças enamoradas as alas dos soldados e crianças.
E o grito que foi ouvido tantas vezes repetido dizia que o povo unido jamais seria vencido.
Contra tudo o que era velho levantado como um punho em Maio surgiu vermelho o cravo do mês de Junho.
E então operários mineiros pescadores e ganhões marçanos e carpinteiros empregados dos balcões mulheres a dias pedreiros reformados sem pensões dactilógrafos carteiros e outras muitas profissões souberam que o seu dinheiro era presa dos patrões.
A seu lado também estavam jornalistas que escreviam actores que se desdobravam cientistas que aprendiam poetas que estrebuchavam cantores que não se vendiam mas enquanto estes lutavam é certo que não sentiam a fome com que apertavam os cintos dos que os ouviam.
Porém cantar é ternura escrever constrói liberdade e não há coisa mais pura do que dizer a verdade.
E uns e outros irmanados na mesma luta de ideais ambos sectores explorados ficaram partes iguais.
Entanto não descansavam entre pragas e perjúriosagulhas que se espetavam silêncios boatos murmúrios risinhos que se calavam palácios contra tugúrios fortunas que levantavam promessas de maus augúrios os que em vida se enterravam por serem falsos e espúrios maiorais da minoria que diziam silenciosa e que em silêncio fazia a coisa mais horrorosa:minar como um sinapismo e com ordenados régios o alvor do socialismo e o fim dos privilégios.
Foi então se bem vos lembro que sucedeu a vindima quando pisámos Setembro a verdade veio acima.
E foi um mosto tão forte que sabia tanto a Abril que nem o medo da morte nos fez voltar ao redil.
Ali ficámos de pé juntos soldados e povo para mostrarmos como é que se faz um país novo.
Ali dissemos não passa! E a reacção não passou.Quem já viveu a desgraça odeia a quem desgraçou.
Foi a força do Outono mais forte que a Primavera que trouxe os homens sem dono de que o povo estava à espera.
Foi a força dos mineiros pescadores e ganhões operários e carpinteiros empregados dos balcões mulheres a dias pedreiros reformados sem pensões dactilógrafos carteiros e outras muitas profissões que deu o poder cimeiro a quem não queria patrões.
Desde esse dia em que todosnós repartimos o pãoé que acabaram os bodos— cumpriu-se a revolução.
Porém em quintas vivendas palácios e palacetes os generais com prebendas caciques e cacetetes os que montavam cavalos para caçarem veados os que davam dois estalos na cara dos empregados os que tinham bons amigos no consórcio dos sabões e coçavam os umbigoscomo quem coça os galões os generais subalternos que aceitavam os patrões os generais inimigos os generais garanhões teciam teias de aranha e eram mais camaleões que a lombriga que se amanha com os próprios cagalhões. Com generais desta apanha já não há revoluções.
Por isso o onze de Março foi um baile de Tartufos uma alternância de terços entre ricaços e bufos.
E tivemos de pagarcom o sangue de um soldadoo preço de já não estarPortugal suicidado.
Fugiram como cobardes e para terras de Espanha os que faziam alardes dos combates em campanha.
E aqui ficaram de pé capitães de pedra e cal os homens que na Guiné aprenderam Portugal.
Os tais homens que sentiram que um animal racionalopõe àqueles que o firam consciência nacional.
Os tais homens que souberam fazer a revolução porque na guerra entenderam o que era a libertação.
Os que viram claramente e com os cinco sentidos morrer tanta tanta gente que todos ficaram vivos.
Os tais homens feitos de aço temperado com a tristeza que envolveram num abraço toda a história portuguesa.
Essa história tão bonita e depois tão maltratada por quem herdou a desdita da história colonizada.
Dai ao povo o que é do povo pois o mar não tem patrões.– Não havia estado novo nos poemas de Camões!
Havia sim a lonjurae uma vela desfraldadapara levar a ternuraà distância imaginada.
Foi este lado da história que os capitães descobriram que ficará na memória das naus que de Abril partiram das naves que transportaram o nosso abraço profundo aos povos que agora deram novos países ao mundo.
Por saberem como é ficaram de pedra e cal capitães que na Guiné descobriram Portugal.
E em sua pátria fizeram o que deviam fazer:ao seu povo devolveram o que o povo tinha a haver:Bancos seguros petróleos que ficarão a render ao invés dos monopólios para o trabalho crescer.
Guindastes portos navios e outras coisas para erguer antenas centrais e fios dum país que vai nascer.
Mesmo que seja com frio é preciso é aquecer pensar que somos um rio que vai dar onde quiser
pensar que somos um mar que nunca mais tem fronteiras e havemos de navegar de muitíssimas maneiras.
No Minho com pés de linho no Alentejo com pãono Ribatejo com vinho na Beira com requeijão e trocando agora as voltas ao vira da produção no Alentejo bolotas no Algarve maçapão vindimas no Alto Douro tomates em Azeitão azeite da cor do ouro que é verde ao pé do Fundão e fica amarelo puro nos campos do Baleizão.
Quando a terra for do povo o povo deita-lhe a mão!
É isto a reforma agrária em sua própria expressão:a maneira mais primária de que nós temos um quinhão da semente proletária da nossa revolução.
Quem a fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.
De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse um menino que sorriu uma porta que se abrisse um fruto que se expandiu um pão que se repartisse um capitão que seguiuo que a história lhe predisse e entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras um povo que levantava sobre um rio de pobreza a bandeira em que ondulava a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse e só nos faltava agora que este Abril não se cumprisse. Só nos faltava que os cães viessem ferrar o dente na carne dos capitães que se arriscaram na frente.
Na frente de todos nós povo soberano e total que ao mesmo tempo é a voz e o braço de Portugal.
Ouvi banqueiros fascistas agiotas do lazer latifundiários machistas balofos verbos de encher e outras coisas em istas que não cabe dizer aqui que aos capitães progressistas o povo deu o poder!
E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesiavolta à barriga da mãe! Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu!


Lisboa, Julho-Agosto de 1975

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Uma frase para esta semana!


"Vossa Excelência provoca em mim os instintos mais primitivos"

Roberto Jéfferson

Uma dupla que causa arrepios!


terça-feira, 15 de abril de 2008

Tenho medo da Fúria !



fúria


DataçãosXV cf. FichIVPM


Acepções■ substantivo feminino


1 exaltação de ânimo; delírio que se manifesta por ações violentas; ira, raiva, cólera Ex.: a f. do titã Adamastor


2 estado de arrebatamento, paixão e riqueza criativa; delírio, estro, inspiração, sanha Ex.: em Vozes d'África, Castro Alves mostra sua f.


3 desejo extremado; entusiasmo, fervor Ex.: não parecia ler, mas consumir livros com f.


4 procedimento precipitado, sem consideração por conseqüências Ex.: a juventude arrebata-se por f. impossíveis 4.1 ação que resulta de força; potência, poderio, sanha Ex.:


5 Derivação: por analogia. pessoa fora de si, esp. mulher, cheia de raiva, furiosa Ex.: ele ficou uma f. ao saber do noivado da filha


6 Derivação: por analogia. mulher desgrenhada, de aspecto malcuidado


7 Rubrica: mitologia. cada uma das três divindades pagãs (Alecto, Megera e Tisífone) que no Averno eram as encarregadas de atormentar os criminosos (mais us. no pl.) Obs.: inicial maiúsc.


Etimologia lat. furia, mais freqüente no pl.: furiae,árum 'delírio, desvairamento furioso, fúrias, divindades infernais'; ver 1fur-; f.hist. sXV furia, sXV foria.


Sinônimos como s.f.: agastamento, arrenegação, arrenego, assanhamento, assanho, ataraú, atrabile, atrabílis, braveza, breca, cólera, danação, denodo, desesperação, enfurecimento, enfuriação, enfuriamento, enraivecimento, escandescência, exuberância, fereza, feridade, ferócia, ferocidade, força, frenesi, frenesim, furor, gana, grima, ímpeto, impetuosidade, indignação, intensidade, ira, iracúndia, irritação, ódio, pressão, rabidez, raiva, rancor, rangomela, rebentina, reixa, sanha, selvageria, veemência, violência, zanga; ver tb. sinonímia de impulso.


Antônimos como s.f.: acalmia, acomodação, benevolência, calma, calmaria, complacência, conformação, equilíbrio, eutimia, fleuma, impassibilidade, malacia, mansidão, pacacidade, pacata, pacatez, pacatismo, paciência, pacificidade, paz, placidez, resignação, serenidade, sossego, tranqüilidade.

A semelhança não é mera coincidência!


Obra da artista austríaca Deborah Sengl (ver:http://www.deborahsengl.com/index.php?id=397 ) participa da exposição "Sobre Ovelhas e Lobos", Berlim.

domingo, 13 de abril de 2008

quem sou eu?
Uma pessoa que ama mais um irmão do que um salário!
Um marxista buarquista do terreiro dos comunistas macunaíma, na linha dos materialistas caboclinhos que não se entregaram ao pós qualquer coisa. Latino americano até os ossos, frequentador dos botequins, quebradas e favelas onde habita samba . Amigo dos subversivos, dos maltrapilhos, maltratados, vermelhos , artistas, músicos e cineastas malditos...Dos poetas das esquinas e ocupações. Palmeirense nato: herança do anarco sindicalismo italiano em meu sangue..Tom Maior a escola com as cores de nossa luta (vermelho e amarela) faz residência em meu coração... Apaixonado pela Heleninha! Amo os meus irmãos! Adoro meus amigos!!Carinho todo especial pela nona Gigia!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Polêmicas em torno da indenização de Ziraldo e Jaguar II

Tentei responder o texto de Helena!!

Apoiar as indenizações recebidas por Ziraldo e seus amiguinhos perseguidos pela ditadura não se trata, simplesmente, de uma questão moral subjetiva, em outras palavras, não é meramente uma questão de apoiar a partir de princípios éticos e morais de minha individualidade, esta questão está distante de uma construção cognitiva pró ou contra a indenização aos perseguidos. Em primeira e última instância defender as indenizações é o princípio da defesa do Estado de Direito, ou seja, por força do disposto no art. 37, parágrafo 6° da nossa Constituição Federal, o ato ilegal praticado por servidores públicos que, ao invés de agirem "como garantidores dos direitos individuais e coletivos, partindo para a atitude de coatores ou de qualquer outro modo infringindo a obrigação que lhes é conferida", é de responsabilidade do Estado, que deve indenizar os danos causados por abuso de autoridade. Retomando a linha do primeiro texto ( Polêmicas em torno da indenização de Ziraldo e Jaguar: Você deve alguma coisa para o Ziraldo ou para o Jaguar? ), realmente acho polêmico a quantia exagerada, não a indenização em si. Nossos princípios constitucionais garantem a qualquer brasileiro o direito de indenização em caso de qualquer dano moral promovido pelo Estado. O polêmico da questão: o quantum? Como calcular em escala monetária os diversos tipos de danos morais que o cidadão está exposto? Quanto vale a honra? Quanto vale a liberdade? Quanto vale a saúde? Quanto vale a integridade psicológica? Quanto vale sofrer humilhação?
Helena, em seu texto (ver aqui: http://semantolhos.blogspot.com/), você questiona se este “quanto vale” deve ser transformado em benefício pecuniário e, de forma clara e objetiva, você avalia que não. Em seguida, compara com a situação carcerária brasileira e, a partir do descaso público, faz a seguinte questão: “...O pobre “filho da classe trabalhadora” (eita discurso antigo...) pode ficar em celas lotadas injustamente não receber um barão por isso. Mas a esquerda rica, que ganha uma grana preta com seus trabalhos intelectuais muitas vezes de pouco valor, pode ganhar. Quem está fazendo o tal “corte de classe”?...”
Lógico que este texto, e o autor do libelo, defendem com mais ânimo e muito mais afinco o direito de indenização de Angélica aparecida de Sousa, 18 anos, empregada doméstica, acusada de ter furtado um pote de manteiga e, o pior, teve o pedido de liberdade provisória negado.
Veja bem, quando comparei com a questão do Proer (bolsa banqueiro) foi por tentar tirar o debate do campo jurídico e levá-lo para um espaço onde um economista pudesse debater, por exemplo, com uma jornalista. E por ter uma formação de economista - no balancete das contas nacionais - sei que tanto o Proer quanto a indenização de Ziraldo aparecem como uma rubrica, nada mais que uma rubrica, um mero e simples gasto dos cofres públicos seguindo o ordenamento jurídico e os programas de política pública do Estado. E a minha questão foi, sem olhar para os valores de ambos, quem moralmente merece mais? Os perseguidos políticos ou os banqueiros? Uma simples pergunta(com corte de classe).
Minha comparação foi um recurso discursivo, posso ter sido infeliz em utilizá-lo, mas ainda assim, com o intuito de somar na defesa incondicional do Estado de Direito e do aprofundamento da democracia.
Em seguida, aponto que as reparações, as comissões de desaparecidos e etc; não são ações de nostálgicos seres que vivem do passado, mas seres que lembram até hoje as dores da ditadura.Seres que insistem em descobrir o véu cinzento de nossa história, estaremos fadados a não ter futuro enquanto não resolvermos nossas questões históricas. O golpe contra o presidente Goulart foi um crime contra milhões de brasileiros, foi, antes de tudo, um golpe contra um processo social que promoveria profundas mudanças no Brasil. Denunciar institucionalmente ou, mesmo, fora do marco das instituições é um dever de qualquer um que tenha consciência do significado histórico e social do desenvolvimento interrompido promovido pelas forças armadas.
OBS.: Em relação aos comentários sobre a dívida histórica com a África e sobre as FARC-EP deixarei para outra hora, afinal de contas tentarei evitar misturar alhos com bugalhos.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Polêmicas em torno da indenização de Ziraldo e Jaguar:Você deve alguma coisa para o Ziraldo ou para o Jaguar?

Dezoito jornalistas, mais os cartunistas Ziraldo e Jaguar foram indenizados por sofrerem perseguição política nos anos de chumbo do Brasil. Receberam a significativa quantia de quase R$ 1.000.000,00(um milhão de reais), além de uma prestação contínua de quase R$ 4.500,00(quatro mil e quinhentos reais) mensais. É bom lembrarmos, estes são os valores mais altos calculados pela comissão de anistia. Bom, tal evento trouxe a tona o debate sobre a legitimidade destas indenizações. Alguns setores da sociedade brasileira colocam-se inconformados com a decisão da justiça brasileira e, perguntam: Você deve alguma coisa para o Ziraldo ou para o Jaguar?
Tentarei responder esta pergunta. Antes de tudo, é bom esclarecermos que existem as vítimas diretas e indiretas do criminoso golpe de 1964. As indiretas são milhões de homens e mulheres, filhos do povo trabalhador do Brasil, aqueles que amargaram o gosto do desenvolvimento interrompido. Os brasileiros privados da reforma agrária, privados de uma reforma tributária que reorganizasse a distribuição de renda no Brasil e etc. Do outro lado, as vítimas diretas, pessoas decididas a denunciar o pacto das grandes elites do Brasil com o imperialismo, estes sofreram inúmeras perseguições, insegurança constante, instabilidade em empregos, esta a melhor hipótese, ou aqueles que foram vítimas de crimes hediondos: tortura e exílio.
Acho que podemos separar aquela pergunta em duas, ou seja, a primeira: É legítima uma indenização? A segunda: A quantia recebida é justa ou exagerada? Respondendo a primeira pergunta, não tenho a menor dúvida de que o Estado brasileiro possui a obrigação de reparar crimes cometidos pelo próprio Estado, logo, acho justa e legítima as indenizações pagas aos perseguidos pelo regime militar. Quanto à segunda pergunta, realmente fico na dúvida, a priori, não tenho uma posição, me dou o direito da dúvida.
Porém, a própria história recente do Brasil justifica e de alguma maneira torna mais aceitável a indenização para aqueles que gostam de lavar as mãos e, perguntar, Você deve alguma coisa para o Ziraldo ou para o Jaguar? Sigo esta linha de raciocínio para chegar até o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do sistema financeiro Nacional), em outras palavras, Bolsa Banqueiro mal sucedido em especulação, ironia á parte e, com corte de classe. Vejam só, de 1995 até 2000 o governo federal repassou algo em torno de R$ 30 (trinta) bilhões de reais aos banqueiros, em preços de 1995, na época representou 2,5% de nosso PIB.
Vamos imaginar um cenário em que ás três mil vítimas diretas da ditadura ganhassem uma indenização semelhante, em outras palavras, o governo brasileiro desembolsaria dos cofres públicos R$ 3 bilhões de reais, em preço de 2008. Se compararmos as quantias, mesmo sem colocarmos na mesma base de preço, ainda assim o Proer significaria dez vezes mais do que as justas indenizações na forma – repito – duvidosas no valor. Mas ainda assim, justas!
Meus amigos, agora eu pergunto: A quem o Brasil deve? Quem fez mais pelo Brasil, o Banco Pontual, Bamerindus ou os bravos e destacados brasileiros que deram o melhor de sua vida por um Brasil justo, livre e soberano?

sábado, 5 de abril de 2008

Democracia institucional: A piada da dominação! Eduardo Galeano!!

A democracia institucionalizada como expressão da vontade da classe dominante das nações dominantes! Galeano na piada da legalidade democrática. Assistam o vídeo, realmente excelente!


quinta-feira, 3 de abril de 2008

terça-feira, 1 de abril de 2008

Ogum guerreiro, abençoe este terreiro virtual!





A saída adotada pelo governo bush na crise dos Estados unidos: mais do mesmo!


Não sei se todos estão acompanhando a reforma do setor financeiro dos nossos irmãos do norte, mas a priori, não diria outra coisa - senão - mais do mesmo. A nossa crítica e reflexiva imprensa anuncia a maior reforma do sistema financeiro norte-americano, desde a crisde 1929, porém, esta sim passou por uma Dunciad - a reforma keynesiana - do ponto de vista da teoria econômica foi um abalo sísmico no mainstream, tal reforma marcou o fim da era liberal. Representou o ínicio do paradigma do Estado forte, regulador e tendo como função estratégica a meta do pleno emprego e do desenvolvimento. Sem poupar esforços em seus gastos, com suas transferências e ampliando sua receita através de políticas fiscais. Hobsbawn chama este período de a gold age do capitalismo( do pós guerra até a crise dos petro-dólares) , período marcado pelo crescimento expressivo do capitalismo.
Qual o significado da nova reforma? De antemão podemos identificar uma reforma no marco regulatório, pautada por uma avaliação que os atuais mecanismos de regulação da economia norte-americana são extemporâneos e pouco eficientes para o atual nível de desenvolvimento do setor financeiro. Criou-se um Fed com maior força para regular as finanças, em especial as seguradoras e a estabilidade das instituições, mas por outro lado foi reforçado a autonomia do Banco central. Por fim, o todo poderoso deus saturno(mercado) ganhará maior espaço, os economistas neo-clássicos e sua "fé" metafísica na mão invísivel. Parece piada, mas é mais do mesmo!!!