terça-feira, 25 de maio de 2010

Campanha sob escolta

Campanha sob escolta
Jurado de morte, o deputado carioca Marcelo Freixo precisa de proteção armada na busca de votos para a reeleição
Wilson Araújo

Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/74665_CAMPANHA+SOB+ESCOLTA

SEGURANÇA
Policiais seguem Freixo, caçado pela máfia das milícias



O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), 43 anos, não bota o pé fora de casa sem a companhia de uma comitiva formada por pelo menos cinco homens atentos, carregando caixas parecidas com as usadas para transportar instrumentos musicais. Em vez de violão ou violino, porém, as caixas contêm armas de grosso calibre. E o séquito que acompanha o deputado é formado por policiais e agentes penitenciários escolhidos a dedo para sua proteção. Jurado de morte, Freixo é candidato à reeleição a deputado no Rio de Janeiro e não poderá fazer campanha nas ruas. Na zona oeste da cidade, região que concentra 35% do eleitorado carioca, nem seus militantes poderão pedir votos. Milicianos já avisaram que quem ousar vai “levar chumbo”.

Freixo só se desloca pela cidade em carro blindado e uma viatura da PM passa as noites de plantão na porta de sua casa. Ele é perseguido por ter atuado contra o crime organizado no Rio, em especial por combater a máfia das milícias, que domina 40% das 1.200 comunidades carentes do Estado. “Vamos utilizar a internet e outras ferramentas virtuais para fazer nossa proposta chegar à população”, diz ele, convicto de que não pode expor ninguém ao perigo nem mesmo a si próprio. “Não quero ser um herói morto”. O Serviço de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública já abortou dois planos para matá-lo.

O poder das milícias que marcaram Freixo para morrer pode ser medido por seu faturamento. Elas arrecadam mais de R$ 200 mil diários somente com o controle do transporte alternativo. Em seis meses de investigação, a CPI que Freixo liderou na Assembleia carioca levou para a cadeia quase 300 integrantes desses grupos criminosos. Ela também desbaratou o esquema fraudulento do auxílio-educação, praticado por alguns deputados, que embolsavam as cotas de R$ 400 concedidos a cada dependente de funcionário matriculado em escola particular. Freixo ainda esteve à frente do processo de cassação do ex-chefe de Polícia do Rio deputado Álvaro Lins (PMDB), envolvido com a máfia dos caça-níqueis.

“Estamos assistindo a uma violação do princípio democrático que implica o direito de cada um, seja ele deputado ou não”, revolta-se o sociólogo carioca Gláucio Soares, do Instituto de Pesquisas Universitárias (Iuperj). Fazer campanha pela internet é, por enquanto, a única alternativa de Freixo. O presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli, não arrisca prever que resultado o deputado poderá conseguir com uma campanha desse tipo: “Nunca vimos uma coisa dessas antes”, diz ele.

“Vamos utilizar a internet para divulgar a nossa proposta”
Marcelo Freixo, deputado estadual (PSOL-RJ)

terça-feira, 11 de maio de 2010

quarta-feira, 31 de março de 2010

NOTA DE CHICO ALENCAR SOBRE A CRISE NO PSOL.





Encaminho aos querido(a)s camaradas minha resposta à Nota de Esclarecimento
de alguns da Executiva Nacional, que recebi ontem. Se acharem conveniente,
podem espalhar, já que o Jacinto Índio, apesar de trabalhar na Liderança e
ter grande inserção internética no partido, não o fará, infelizmente.



*Caros dirigentes e camaradas do PSOL Heloísa Helena, Edilson, Elias,
Jefferson, Mário Agra, Pedro Fuentes e Robaina:***



Recebi sua Nota de Esclarecimento e agradeço a consideração para com
esse mandato do partido. Aprendi na já longa vida política que sem direção
coletiva não há organização que prospere e que sem diálogo democrático e
respeito às decisões da maioria, quando o consenso for impossível, nada
caminha. Quanto à sua Nota de Esclarecimento, pondero que:



1) uma convocação de reunião da Executiva, que em circunstâncias normais não
causaria polêmica, pode ser feita, com toda a legitimidade, por decisão da
maioria (a mesma que garante, estatutariamente, a convocação do Diretório -
cap. 9, art. 41 - e o quorum para deliberações - cap. 18, art. 81 do nosso
Estatuto). Sem isso, uma eventual minoria nessa instância teria poder de
paralisar o partido, o que não é razoável e, suponho e desejo, não é o
objetivo de vocês; esperava que, ao questionar esta convocação do dia
31.03, vs. sugerissem outra data, quando "vencida plenamente a segunda
etapa da III Conferência Eleitoral". Ficou o vazio e reitero: que data
vs. propõem? Sim, é urgente "debruçar-se sobre as eventuais divergências
ocorridas no transcorrer do processo nos municípios e nos estados". Por
isso, considerando que a Conferência Nacional está prevista para 10/11 de
abril, a reunião é essencial e urgente. Suponho e desejo que não haja
decisão de não participar mais de encontros de um colegiado por não se ter
maioria nele, adotando postura (não declarada) de fração;



2) não ouvi nem li ninguém falando ou escrevendo que o site da Liderança do
PSOL "foi retirado do ar". O que causou e causa indignação é que o site da
Bancada na Câmara dos Deputados (com sua rica e respeitosa
diversidade) sofreu alteração das senhas no domínio do Registro.br/Comitê
Gestor de Internet no Brasil - à revelia dos deputados - aos 50 minutos e 28
segundos do dia 25/03/10 (mesmo dia da ação sobre o site do PSOL Nacional,
que é "de responsabilidade do Diretório Nacional" - como define o cap. 14,
art. 73 do nosso Estatuto). Modificações feitas por HHLMO -
heloisa.psol@uol.com.br (confirmado por registro.br). Trata-se de uma
intervenção injustificável e disparatada, que coloca a comunicação virtual
da Liderança não fora do ar, mas sob inexplicável tutela. Nosso site
jamais fez qq. referência à pré-candidatura A, B ou C, exceto para informar
dos debates entre os três companheiros (que, lembremo-nos, transcorreram em
alto nível político, contrastando com certos movimentos e percepções de
agora);



3) entendo que, ao invés dessas iniciativas abruptas sobre sites, seria mais
saudável usar os próprios instrumentos de comunicação do partido para
questionar afirmações tais ou quais; ou mesmo sugerir, neste período mais
tenso pré-Conferência, a partir de consultas prévias, um mediador de
conteúdos relativos a ela, obviamente ouvindo as outras partes (ao invés de
colocar nosso competente e independente José Luis Fevereiro nessa
situação desconfortável, que o levou, como era de se esperar, a declinar do
convite unilateral);



4) o caminho é óbvio: conferir os dados e a fidedignidade de todos os
registros de encontros de base sobre os quais foram levantadas sérias
dúvidas e suspeitas - consola saber que a maioria dos estados não têm
questionamentos graves -, reconhecer possíveis irregularidades, legitimar as
delegações autênticas e representativas e decidir, democraticamente,
diretrizes de programa de governo e candidato. Respeito à vontade real e
comprovada das bases, à Direção e ao Estatuto pactuado que nos rege, para ao
menos interferirmos como esquerda coerente no pleito nacional deste ano, que
suponho ainda ser do interesse de todos os que não se sentem contemplados
pelos projetos de PT/PMDB/PSDB/DEM/PV (e seus caudatários) em disputa;



5) por fim, um desabafo pessoal (e sempre político): parece um pesadelo - e
é uma irresponsabilidade para com nosso povo - a quadra de disputa
interna fratricida em que alguns de nós estamos colocando o PSOL, abrindo
mão das mediações mínimas necessárias para tocar o partido às vésperas de um
duro embate eleitoral - refiro-me ao geral, da sociedade, que é o que mais
conta. Às vezes fico com a impressão de que alguns vícios dos nossos
inimigos de classe foram introjetadas na nossa estrutura, para
inviabilizá-la. Saint Just, jacobino na Revolução Francesa, desencantado
com os caminhos do processo ao qual doara sua vida, disse que "todas as
artes produziram maravilhas, menos a arte de governar, que só produziu
monstros". Se caminhamos assim no (des)governo do PSOL, o que faremos no
exercício do poder público? Logo esses problemas e a forma desajuizada de
tratá-los vão repercutir fora (o que ainda não aconteceu pela nossa
irrelevância política atual), e ficará difícil falar de "um novo partido
contra a velha política";



6) sinceramente, espero MUITO que vocês, parte tão importante do PSOL, não
se afastem dos foruns de deliberação do partido, e voltem a somar esforços
nessa construção tão difícil quanto necessária - ainda acreditamos! - para o
povo trabalhador brasileiro e para a re-significação de um
projeto libertário, que não pode dispensar nenhum(a) lutador(a) social. Nem
ser jogado fora dessa maneira autofágica, que as pessoas comuns jamais
entenderão.



Saudações socialistas e... teimosamente pascais (que ensina que a MORTE não
tem a última palavra),



Brasília, quarta-feira da Semana Santa, 31 de março de 2010



Chico Alencar

sábado, 27 de março de 2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

As incoerências e contradições de Martiniano Cavalcante

As incoerências e contradições de Martiniano Cavalcante

Rui Polly
ruipolly@hotmail.com

Quando assumiu a pré-candidatura à presidência da República, o companheiro Martiniano Cavalcante lançou um manifesto apresentando as idéias e propostas que, desde então, vem defendendo nos debates realizados pelo partido em todo país. Apresenta-se como o único pré-candidato identificado com os acúmulos políticos alcançados pelo PSOL nos últimos anos, enquanto critica as demais pré-candidaturas como representantes de forças que pretendem dar "um perfil antagônico" ao que o PSOL teve até agora.

Os companheiros Plínio e Babá, segundo ele "buscam, conscientemente, o isolamento e pretendem dirigir a campanha e o discurso do PSOL apenas para a vanguarda socialista". Para Martiniano, a correlação de forças desfavorável não permite posições radicais. Assim, afirma não ser possível apresentar uma "plataforma de caráter diretamente socialista por pura impossibilidade das condições concretas". Em vez disso, propõe um "um programa anticapitalista com orientação socialista".

À parte a forma questionável como tem se esforçado para elevar a temperatura do debate, não há o que questionar quanto à constatação das condições adversas enfrentadas pelo partido. Todos nós conhecemos as dificuldades e adversidades da conjuntura atual, mas também sabemos que essa constatação por si só é insuficiente, uma vez que dela podem ser derivadas diferentes análises e, portanto, diferentes táticas políticas. Do mesmo modo, a sua definição de programa é correta, porém é ainda abstrata, já que pode significar plataformas não só diferentes, mas até mesmo contraditórias.

Mas a insistência de Martiniano em enfatizar a correlação de forças desfavorável merece atenção, pois tem sido um elemento-chave de seu discurso, um verdadeiro parâmetro que define o que deve e o que deve constar no programa do partido. Todavia, prestando atenção no conteúdo de seu manifesto e suas intervenções, a conclusão a que chegamos é que serve muito mais para justificar as suas propostas do que apontar supostos equívocos "vanguardistas" de Plínio e Babá.

Possibilidades e incoerências

No "programa anticapitalista de orientação socialista" de Martiniano não há lugar para propostas de estatização, pois segundo ele "devemos ter clara consciência de que a correlação de forças não nos permite apresentar propostas gerais de estatização de setores econômicos, sejam da indústria ou dos serviços como educação e saúde". Com relação à estatização das indústrias, seria interessante saber como Martiniano se posiciona sobre a bandeira da reestatização de empresas como a Vale e a Embraer. E se não deveriam ser nacionalizadas empresas de setores estratégicos como a agroindústria de sementes, hoje um setor oligopolizado sob controle de transnacionais da biotecnologia, que não só tem colocado em risco a soberania e a segurança alimentar da população brasileira, mas também ameaçado a própria existência do campesinato brasileiro, com os projetos apresentados pela bancada ruralista, como os vários projetos que pretendem modificar a Lei de Proteção aos Cultivares.

Mas o que espanta mesmo é a sua oposição categórica a qualquer proposta de estatização dos setores da saúde e educação que, junto a outros serviços públicos, estão em processo de sucateamento e sob ameaça de "privatização branca" pelo projeto de lei das fundações estatais de direito privado, que ainda tramita no Congresso Nacional. Um projeto de lei que também ataca os direitos dos funcionários públicos, retirando-lhes a estabilidade, entre outras coisas. Não seria propício colocar esse debate em um momento em que Lula e Dilma enfatizam o papel do Estado, despejando dezenas de bilhões de reais de dinheiro público nos caixas de empresas em dificuldades ou para promover processos de fusão e aquisição de conglomerados? Esta é uma questão que deve ser debatida pelo partido, e não ser descartada sem discussão e de maneira tão categórica, como faz Martiniano. Lembremos que a estatização de setores estratégicos da economia ou de serviços públicos não é uma bandeira diretamente socialista, mas democrática.

Tais propostas, nos diz, serviriam apenas para "chocar" a população e isso seria ruim. Em vez de provocar "choques", Martiniano prefere fazer "um diálogo mediado e pedagógico com a população". Entretanto, estabelecer tal diálogo pedagógico significa precisamente buscar o convencimento político da população, conquistá-la para propostas que achamos necessárias e viáveis, embora nas circunstâncias dadas a sua implementação não seja possível. Mas sabemos que um elemento central na correlação de forças é justamente a subjetividade, a consciência política da classe trabalhadora e das camadas exploradas e oprimidas. E é esse o grande desafio dos socialistas no mundo contemporâneo: as condições objetivas estão dadas, faltam as condições subjetivas.

Se nos limitássemos a apresentar propostas "executáveis" aqui e agora ou aceitáveis facilmente pelo senso comum, não haveria necessidade de um "um diálogo mediado e pedagógico com a população". Pois o sentido e a necessidade de estabelecê-lo, discutindo e argumentando com paciência e clareza, consiste em apresentar propostas e soluções que são objetivamente viáveis e realizáveis, mas que só poderão ser executadas quando a correlação de forças mudar, isto é, quando a maioria da população estiver politicamente ganha.

É aqui que se manifestam os diferentes realismos políticos. Há o realismo político dos que acham que a política é a "arte do possível", que invariavelmente se traduz em mera adaptação à adversidade, na defesa do que é possível ser colocado em prática, rebaixando a práxis política ao nível do que é aceitável pelo senso comum. E há um outro, o realismo político revolucionário que parte de uma análise rigorosa da realidade e das condições objetivas e subjetivas, não para descobrir o que é possível ser feito ou o que é aceitável para o senso comum. Mas para descobrir quais elos devem ser agarrados para o avanço da luta de classes e da consciência de classe. Em vez de uma "arte do possível", o realismo revolucionário compreende a práxis política como a arte de criar novas possibilidades que permitam modificar a correlação de forças.

Aliás, quando o companheiro Plínio se refere a provocar um "choque" nas pessoas se refere exatamente a esse sentido pedagógico, de suscitar a reflexão e o avanço político das consciências através de uma relação dialógica e dialética com o senso comum. Capaz de incidir sobre a subjetividade e, portanto, sobre a própria correlação de forças.
Não defender propostas sob a justificativa de que a correlação de forças "não permite" é uma atitude que se esquiva da responsabilidade de remar contra a maré quando é preciso, cedendo sem luta às idéias da classe dominante presentes no senso comum e, assim, se abstém de tentar superar as condições políticas adversas através de "um diálogo mediado e pedagógico"...

É verdade que Martiniano apresenta uma formulação curiosa, de "desenvolver a linha da sintonia fina entre as grandes mudanças políticas e a aplicação de medidas democráticas profundas e incontestáveis". Uma formulação tão pomposa quanto vazia, pois pode significar qualquer coisa e nada ao mesmo tempo. Uma mera frase de efeito.

Martiniano e o Estado

Surpreendentemente, ao mesmo tempo em que se opõe peremptoriamente a bandeiras democráticas como a estatização de serviços, Martiniano defende propostas que não só a "correlação de forças não permite", mas que dificilmente podem ser consideradas viáveis. Destaco a idéia de "mudança deste caráter do Estado como instrumento privado a serviço de uma elite econômica e política, transformando-o, de fato, em instrumento a serviço da maioria do povo e por ele controlado".

Para tanto, sugere uma proposta de "regulamentação do exercício da democracia direta prevista na Constituição", além de defender "o fim do financiamento privado de campanha e a democratização dos recursos públicos e do tempo de propaganda no rádio e televisão". Também aponta a necessidade de "apresentar propostas concretas que fortaleçam os conselhos e o controle social sobre o aparelho do Estado". E, finalmente, para "implementar esta ruptura do círculo de ferro que aprisiona de maneira absoluta o poder político puramente aos interesses do capital, acredito que devemos defender uma Constituinte exclusiva para tratar da reforma política convocada através de um plebiscito nacional".

Essas passagens condensam inúmeras concepções que são equivocadas e ilusórias. São temas complexos que exigem uma discussão conceitual que não cabe aqui.

Atentemos para o fato de que a proposta de Martiniano não é simplesmente de propor reformas para a democratização do Estado. Ele quer mudar o caráter do próprio Estado capitalista. É, assim, uma proposta de claro sentido estratégico. Intriga-nos que apresente tal proposta, pois é de se supor que considere tal proposta compatível com a atual correlação de forças.

Mas ainda não é este o problema central. Não consideramos que tal proposta seja possível de ser levada a cabo, pelo fato de que a questão central do Estado não é simplesmente de que esteja sendo usurpado para servir aos interesses do capital. Se isso fosse verdade, deveríamos resgatar a bandeira de "desprivatizar o Estado" que Lula e o PT defenderam por tanto tempo.

Como socialistas devemos defender todas e quaisquer medidas ou reformas que garantam mais democracia ou que se choquem com os interesses do capital. Assim, defendemos processos como plebiscitos ou referendos, não porque tenhamos ilusão em tais mecanismos, mas porque possibilitam um debate político mais amplo, permitem aos socialistas intervir com suas posições e são mais democráticos. Mas não é possível chamá-los de mecanismos de "democracia direta", atribuindo-lhes uma qualidade inerente que não é real. Do mesmo modo, apoiar o financiamento público de campanhas pode coibir ou limitar, mas não impede de modo algum o apoio ostensivo das grandes corporações aos políticos burgueses, até porque estes ainda dispõem do apoio da mídia corporativa com seus canais de TV, rádio, jornais e revistas, além do apoio de outras instituições estatais privadas.

Quanto à ideia de "fortalecer os conselhos" trata-se de um erro crasso. Os conselhos atuais, deliberativos e consultivos, tão exaltados pelo governo como exemplos de "democracia representativa", talvez com raras exceções, são um pouco mais que uma farsa. Um estudo que fizemos há um ano abrangendo a maior parte dos conselhos e órgãos colegiados federais demonstrou que todo o arcabouço desse sistema de "participação social" é apenas uma fachada democrática para encobrir processos decisórios controlados pelo governo e com enorme influência dos empresários. A participação da sociedade civil é limitada, e a sua própria representação merece ser colocada em xeque. O que é preciso é um debate amplo sobre novos espaços de decisão, que sejam realmente democráticos e garantam a participação popular.

Mas mesmo que todas as propostas de Martiniano fossem concretizadas, ainda assim não haveria uma mudança no caráter capitalista do Estado. Apoiados em uma leitura superficial e impressionista das experiências dos governos de esquerda, intelectuais como o petista Emir Sader definem o Estado como um "campo da luta de classes" cuja natureza de classe poderia ser modificada. Que a luta de classes se reflete, permeia e produz modificações na estrutura do Estado, é inegável. Mas há um limite à permeabilidade da materialidade institucional do Estado capitalista. E é o próprio Martiniano que nos indica isso, pois em seu manifesto mudar o caráter do Estado significa um "controle social" vago e indefinido. Assim, podemos concluir que esse Estado transformado – instrumento a serviço da maioria do povo – ainda é um Estado apartado da sociedade, uma vez que não é a expressão e a materialização da auto-organização da classe trabalhadora, mas um instrumento que a ela serviria e por ela seria "controlado", numa relação de exterioridade e sobreposição.

Outra incoerência gritante é a defesa de convocação de uma Assembléia Constituinte, debate que já foi levantado no nosso partido há alguns anos. A grande incoerência de Martiniano é defender uma Constituinte ao mesmo tempo em que insiste em nos lembrar que a correlação de forças nos é desfavorável. Um processo constituinte é um reordenamento jurídico-político do Estado burguês que reflete as circunstâncias em que ocorre, podendo resultar em Constituições mais conservadoras ou mais democráticas e avançadas, dependendo exatamente da correlação de forças na sociedade. A convocação da Constituinte de 1988 ocorreu em um momento distinto, quando o país acabava de sair de uma ditadura militar, quando havia fortes e combativos movimentos sociais e um PT que ainda era radical. Essa situação levou, inclusive, as classes dominantes a convocarem não uma Constituinte exclusiva, mas um Congresso Constituinte. O seu resultado expressou essa limitação importante e, ao mesmo tempo, o "espírito da época". E é sintomático que naquela constituinte alguns políticos de direita e centro-direita defenderam propostas que hoje os parlamentares do PT recusariam por serem "radicais". Uma Assembléia Constituinte hoje significaria um retrocesso. Por isso, não tem qualquer sentido a proposta de Martiniano.

Em outro momento, ao discutir política econômica, Martiniano afirma que a própria crise internacional "desencadeada em 2008 nos dá excelente condição para defender uma intervenção mais forte do Estado na economia, uma vez que os grandes capitalistas do mundo inteiro socorreram-se, despudoradamente, dos recursos públicos para se salvarem da quebradeira geral". Mais uma vez esse é o argumento que não só petistas como Emir Sader tem defendido, mas o próprio governo Lula. Sabemos que a posição de Martiniano é oposta à do governo Lula e seus ideólogos. Mas caberia, então, esclarecer o que ele entende por "intervenção mais forte" do Estado.

Além do mais, pensamos ser temerário adotar o discurso de "fortalecer o Estado". Como socialistas, a nossa perspectiva estratégica é a de construir uma sociedade socialista a partir de baixo. O que pressupõe a substituição do Estado capitalista, e não a sua reforma. Não porque não seja desejável, mas porque a materialidade institucional do Estado capitalista é incompatível com a idéia de controle e gestão de todos os aspectos da vida social pela classe trabalhadora, pelos camponeses e por outros setores sociais explorados e oprimidos.

Como afirma o programa do PSOL:

"Uma alternativa global para o país deve ser construída via um intenso processo de acumulação de forças e somente pode ser conquistada com um enfrentamento revolucionário contra a ordem capitalista estabelecida. Nesta perspectiva é fundamental impulsionar, especialmente durante os processos de luta, o desenvolvimento de organismos de auto-organização da classe trabalhadora, verdadeiros organismos de contra-poder". (grifo nosso)

Coerente com essa visão, a nossa meta não é fortalecer, mas enfraquecer o Estado capitalista com o objetivo de substituí-lo por um outro tipo de Estado que, segundo Lenin, seria um semi-Estado alicerçado justamente nos "organismos de contra-poder" citados no programa. O que devemos é fortalecer, sim, os movimentos sociais e a auto-organização popular. Em uma eventual vitória eleitoral do PSOL, deveríamos usar a máquina estatal, tensionando-a até o limite, para atacar frontalmente os interesses do capital, enfraquecer o poder do Estado capitalista e fortalecer e empoderar as organizações de todos os explorados e oprimidos.

As propostas de Martiniano, entretanto, nos afastam da visão presente no nosso programa partidário. Caberia uma pergunta. Não levaria também o partido a assumir um perfil antagônico àquele expresso no seu programa?

A política ambiental de Martiniano e Marina Silva

Pelo manifesto e pelas intervenções de Martiniano percebe-se que o companheiro não é muito afeito a fazer auto-crítica. Nossas opiniões foram apresentadas em um documento ("Marina Silva e PSOL: uma aliança insustentável"), e não iremos repeti-las aqui. Apenas agregar alguns argumentos brevemente.

Sobre o caso Marina Silva, Martiniano diz:

" (...) Não escolhemos o caminho simplista e cômodo de menosprezar aquela ruptura incompleta com o PT, rotulando-a de ecocapitalista e nos autoproclamando ecossocialistas. Procuramos dialogar com o movimento desencadeado por ela, com sua simbologia de política limpa vinculada à importantíssima questão ambiental e com a base social que ela representa. Propusemos que ela se juntasse a nós para combater, com coligação de esquerda, a polarização PT x PSDB. Esta atuação do PSOL demonstrou a todo o país, com fatos e não com discursos professorais, que ela e o seu PV preferiram se aproximar dos tucanos e dos demos, deixando-nos em posição privilegiada para combatê-la".

Mais uma vez estamos diante de sofismas e subterfúgios. Não foi o caso de menosprezo da ruptura de Marina Silva com o PT, mesmo porque a senadora rompe com o PT após iniciar discussões com o PV. Quando rompe já havia feito a escolha. Portanto, não foi uma ruptura inconclusa. Ela rompeu pela direita. E foi então que a Executiva decidiu estabelecer uma discussão com a senadora. Assim, o que ocorreu foi a superestimação daqueles que aprovaram o diálogo com Marina Silva e a ilusão de que se poderia chegar a algum denominador comum com o fisiológico PV.

E o conjunto de pontos apresentados para a discussão programática com o PV também demonstra uma outra questão. Não havia um ponto referente à política ambiental. Sinal de que se aceitava sem discussão as posições de Marina Silva sobre o meio-ambiente. Talvez um sinal de desconhecimento da política ambiental do governo Lula e das políticas que foram adotadas por Marina Silva na condição de Ministra do Meio Ambiente. Mesmo quando a senadora já apontava, ao mesmo tempo em que discutia com o PSOL, a sua intenção de ter Guilherme Leal, um bilionário e um dos donos da Natura, empresa acusada várias vezes de biopirataria, a Executiva Nacional insistiu em sua ilusão.

Mas o argumento final de Martiniano é risível. Afirma que estamos em melhor condição para combater Marina Silva porque a atuação do partido demonstrou que ela preferiu se aliar aos tucanos e demos em vez de coligar com o PSOL. O mínimo que podemos dizer é que se trata de um insulto à inteligência dos militantes. O PV já estava coligado com esses partidos em todo o território nacional. E o país veria o PV se coligar com esses partidos independentemente de qualquer coisa. Martiniano não leva em conta a confusão causada nas fileiras partidárias com a aproximação com Marina Silva e PV. Perdemos tempo precioso em debates internos ásperos que serviram para fragmentar o partido, para escutarmos, a esta altura do campeonato, uma avaliação falaciosa como a que nos apresenta Martiniano.

Martiniano critica Plínio, sem citá-lo, por tê-la chamado de "ecocapitalista". Como Martiniano define a política ambiental de Marina Silva? Como definir uma ex-Ministra que licenciou as usinas hidrelétricas do rio Madeira, que apresentou e conseguiu aprovar a Lei de Concessão de Florestas Públicas, que apoiou e licenciou o projeto de transposição do rio São Francisco, que contraiu um empréstimo programático do Banco Mundial para "aperfeiçoar" o sistema de gestão ambiental brasileiro? Que desmembrou o IBAMA via medida provisória, sem consultar ninguém, e que diante da greve dos funcionários adotou uma postura de enfrentamento aberto sem buscar o diálogo?

A Marina Silva de hoje é, fundamentalmente, a mesma Marina Silva de anos atrás. Cercada por defensores de um ecodesenvolvimento nos marcos do capitalismo. Apoiada por empresários e por ONGs de práticas e políticas questionáveis. Martiniano diz que "devemos aproveitar a campanha eleitoral para propagandear a concepção ecossocialista e expor pedagogicamente a incompatibilidade do sistema capitalista com a sustentabilidade ambiental". Uma intenção louvável. Mas o parágrafo sobre política ambiental apresenta apenas um conjunto de propostas soltas que podem ser encontradas em alguma busca simples no Google ou em qualquer site de qualquer ONG, mesmo de ONGs tucanas.

A única proposta de fato, plausível de ser exposta como parte de um programa de governo, é a ideia de "criação de um grande empresa estatal, nos moldes do que foi a criação da PETROBRAS, que funcione como um centro nacional de pesquisa aplicada e produção sustentável baseada na biodiversidade da Amazônia, do Cerrado e da Mata Atlântica". E defende que "o Brasil assuma a vanguarda mundial na luta por uma economia limpa e sustentável através de uma forte intervenção estatal que leve em conta também a necessidade de um programa nacional de educação ambiental que mobilize as forças do povo brasileiro".

Primeiro, é preciso saber o que ele entende por "produção sustentável", pois pode significar muitas coisas. Afinal, produção para que, para quem e por quem? O que significa uma produção sustentável baseada na biodiversidade dos biomas citados?

Segundo, a abordagem de Martiniano acaba tendo um viés tecnocrático ao achar que a solução está numa estatal que funcione como "um centro nacional de pesquisa aplicada" aos biomas citados. Antes disso, é preciso ter uma análise e uma política para cada um desses biomas. Isso significa levar em conta, em primeiro lugar e fundamentalmente, as comunidades e populações que promovem há muito tempo atividades econômicas adequadas às características dos diversos biomas. Antes de lançar qualquer proposta como essa, não seria o caso de envolver esses setores para, juntos com ambientalistas, técnicos e outros segmentos em uma ampla discussão? De qualquer modo, é preocupante o apego de Martiniano ao Estado. Mais uma vez nos fala de "forte intervenção estatal", mas não cita os indígenas, camponeses, as comunidades e populações com seus conhecimentos tradicionais, nem os moradores das periferias urbanas que são os que tem sido atingidos por barragens, megaprojetos e pelos impactos de uma política econômica predatória e excludente.

Em vez de uma estatal, seria muito mais importante abrir uma discussão em torno de mecanismos que possibilitem incorporar a dimensão ambiental no conjunto das políticas. Afinal, as políticas com impacto socioambiental negativo são formuladas na Casa civil, Ministério de Minas e Energia, Ministério da Agricultura, Secretaria da Pesca, Ministério do Desenvolvimento, Ministério de Ciência e Tecnologia, etc. Esta é uma questão crucial a ser enfrentada por qualquer programa que lute pela sustentabilidade ambiental.

Muitos outros pontos mereciam discussão, mas essa será uma tarefa a ser levada a cabo após a III conferência, quando o partido deverá buscar dialogar e debater com movimentos sociais, ONGs sérias e comprometidas, intelectuais e ambientalistas, para elaborarmos um programa em sintonia com as bandeiras e reivindicações pautadas pela sociedade.


Um programa "anticapitalista com orientação socialista"

Concluindo, são inúmeras as inconsistências e incoerências nas propostas de Martiniano. Suas propostas pecam simultaneamente pelo seu caráter recuado (a "correlação de forças não permite") e pelo caráter ilusório de algumas proposições referentes ao Estado. Como afirmamos no início o mantra da situação política adversa acaba sendo um biombo atrás do qual se escondem propostas que, longe de serem viáveis, contribuem parar desarmar politicamente a classe na medida em que semeia ilusões e falsas soluções.

Assim, a promessa de um programa anticapitalista com orientação socialista não se concretizou. Nem há sequer um esboço de um programa desse tipo. Pelo contrário, se a III Conferência Nacional aprovar um programa baseado nas propostas apresentados por Martiniano significará, aí sim, a adoção de um perfil político antagônico ao expresso no programa do PSOL. Certamente, como um dos fundadores do partido, Martiniano deve se lembrar do conteúdo programático aprovado em 2004.

Não temos dúvida de que será uma eleição extremamente difícil, em uma conjuntura complexa. Uma eleição marcada pelo consenso em torno do modelo de desenvolvimento de um governo Lula que além de contar com índices de popularidade altíssimos, tentará rebaixar o debate político a uma mera comparação de "quem fez mais". Dilma se apresentará como a única capaz de continuar a obra do "mestre". Serra tentará se credenciar como melhor administrador e se fará críticas ao governo Lula, não atacará os fundamentos da sua política econômica e seu modelo de desenvolvimento.

Romper esse cerco será um enorme desafio. Não temos dúvida de que podemos rompê-lo, mas isso exigirá uma intervenção qualitativa, com argumentos capazes de desconstruir esse modelo de desenvolvimento e com um programa que ao mesmo tempo incida sobre as reivindicações e necessidades da população brasileira e busque resgatar o projeto socialista, recolocando-o no debate político nacional. Tudo isso sem abrir mão de um discurso claro e didático na melhor tradição dos socialistas revolucionários.
Por essas razões pensamos que Plínio de Arruda Sampaio é quem melhor pode nos representar para assumir essa grande batalha política que se aproxima.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Construir um projeto socialista para o Brasil




Para unir a esquerda socialista e os movimentos sociais combativos apresentamos a proposta de Plínio de Arruda Sampaio como pré-candidato à Presidente da República

“Só crescemos na ousadia”
Mario Benedetti

As trabalhadoras e os trabalhadores de todo o mundo vivem um tempo de profundas definições. O planeta vive sob uma das piores crises da economia capitalista desde 1929, uma crise estrutural, acentuada pelo “padrão” neoliberal de acumulação capitalista da era das desregulamentações, à qual se soma uma gravíssima crise ambiental, cuja dimensão mais urgente é o aquecimento global.
Esta autêntica crise da civilização capitalista ameaça agravar ainda mais a situação da classe trabalhadora: os primeiros efeitos da crise já causaram um aumento de 200 milhões de miseráveis no mundo e põe em risco a manutenção de direitos conquistados em épocas menos adversas.
No Brasil, nenhum desses imensos desafios poderá ser adequadamente enfrentado se não houver articulação entre os partidos de esquerda anti-capitalistas, os movimentos sociais anti-sistêmicos, os sindicatos autônomos e classistas e a juventude engajada na luta política e cultural.
O primeiro passo para isso consiste na formulação de um programa, um projeto para o Brasil, de combate aos efeitos perversos das crises em curso. Pois a luta dos socialistas não deve se ater ao combate às formas de corrupção, por mais que o atual cenário de escândalos coloque para os socialistas a obrigação de levantar a bandeira de fim do Senado.
O programa precisa estar fundamentado em medidas macroeconômicas que configurem uma estratégia de enfrentamento da crise sem aceitação das restrições que a burguesia quer impor aos trabalhadores e sem perda de direitos e garantias já adquiridos.
Em particular, o programa tem de enfrentar as questões da dívida pública, encaminhando a agenda do Jubileu Sul sobre a rigorosa auditoria da dívida, cancelando os pagamentos ilegítimos dos juros, denunciando a baixa tributação sobre o capital, objetivando assegurar menor tributação aos trabalhadores e recursos para desenvolver as políticas públicas.
Somente combatendo o padrão de acumulação expropriador e depredador será possível enfrentar a grave crise ecológica criada pela lógica irracional do mercado.
O programa deve, também, ser um instrumento contra as tendências autoritárias, xenófobas, machistas e racistas que se alimentam do agravamento do quadro social. Mais amplamente, o programa tem de expressar uma resposta conjunta dos povos de nossa região aos agravados desafios comuns colocados pela crise de civilização que vivemos.
Alternativa anti-capitalista em 2010

Um projeto anti-capitalista, popular e socialista precisa ter seu programa forjado desde já nas lutas imediatas. Apenas dessa forma as forças populares terão condições de oferecer, em 2010, também uma alternativa de voto aos milhões de brasileiros e brasileiras.
A classe trabalhadora não pode ficar refém da falsa polarização entre a candidatura do governo Lula versus a do bloco PSDB/DEM, pois, com pequenas diferenças, seus programas têm por mote a salvação do capital diante da crise e ataques à classe trabalhadora.
Nem tampouco podemos deixar de apresentar uma alternativa de projeto à possível candidatura de Marina Silva, do PV, que não expressa uma ruptura com o projeto global de governo, que balizou os dois mandatos de Lula, e nem vai além de uma visão utópica e meramente retórica de que pode haver um desenvolvimento ambiental sustentável sob bases capitalistas. Não por acaso, o partido que escolheu para se filiar se encontra na base de governos que vão do PT ao PSDB e tem como um dos seus chefes Zequinha Sarney.

Um nome a serviço de um projeto

O povo tem o direito de conhecer formas não capitalistas de sair da crise, por isso nos propomos a construir as bases de um autêntico projeto socialista para o Brasil. O nome de Plínio de Arruda Sampaio, como pré-candidato à Presidente da República pelo PSOL, afirma essa necessidade e a possibilidade deste debate.O camarada Plínio é uma reserva moral e política da esquerda brasileira, que guarda coerência integral com os desafios da reorganização de forças no campo socialista e da classe trabalhadora neste novo momento histórico que estamos vivendo e representa, de forma coerente, um projeto de natureza anti-capitalista para o Brasil.
Além disso, é capaz de representar o perfil de uma política de alianças centrada nos partidos da frente de esquerda socialista e nos setores do movimento de massas que permanecem comprometidos com uma intervenção transformadora na luta de classes.
Enfim, a pré-candidatura de Plínio de Arruda Sampaio possui enorme potencial de aglutinação de forças políticas e sociais, avanço no debate programático e acúmulo estratégico na direção de um projeto socialista para o Brasil.
É a disposição da construção deste projeto que está o seu nome.
A partir deste manifesto propomos construir uma ampla agenda de debates e atividades com todos aqueles setores que estejam dispostos a se engajar na formulação de um novo projeto para o Brasil com as bases aqui sugeridas.