terça-feira, 13 de maio de 2008

1968, simplesmente um ano que acabou faz tempo?



Nossa, tanto bafafá, exposições a torto e a direito, programas de TV, lançamentos de livros, comemorações e muitos souvenires, rebeldes mercadorias ao gosto do freguês. Todo mundo querendo tirar uma casquinha do glorioso ano de 1968, o ano em que os neoliberais de hoje estavam sofrendo do amargo gosto do caviar do exílio, o ano que até maoísta parecia ser progressista, este é o ano que me faz lembrar de um trecho do Memorias Del Subdesarollo, um excelente filme cubano, mais precisamente uma frase citada no filme: “Meu sonho era ser comunista em Paris!”
O ano daqueles que gostam de repetir que quem não é comunista aos vinte anos não tem coração e, quem continua sendo depois dos trinta não tem cérebro. O ano da rebeldia – da rebeldia que virou rebeldia consentida – afinal de contas, a indústria fonográfica ganha alguns bons milhões de dólares com o rebelde Rock, a Levis ganha com o ousado bluejeans. O narcotráfico que apóia os governos mais conservadores da América Latina, como o caso do truculento Uribe, ganha uma fortuna, perdendo em taxa de lucro somente para a indústria bélica, com a “subversiva” maconha e os “libertários” narcóticos em geral.
O discursinho do É Proibido Proibir virou o discursinho da metacrítica conservadora, do playboy ás avessas, o pequeno-burguês bonito e intelectualizado – freqüentador das rodinhas de samba, do folclore em geral, adora se masturbar no ombro do explorado do século XIX. Transforma manifestações populares em Disneylândia para o povo deste lado da ponte. Esquecem que a abolição transformou um contingente maior da população em explorados e oprimidos, trabalhadores livres do meio de produção – brancos e negros pobres.
Os filhos de 1968 tornaram-se o qualquer coisa pós-moderno com culpa, são os bons moços do proto-engajamento ongueiro e egoísta. Os pais de 1968 são homens e mulheres que ajudaram a promover retrocessos históricos criminosos, são os neoliberais com capa e culpa de intelectual orgânico da conservação do “meio-ambiente” e do status quo.
Os heróis de 1968 são os heróis de qualquer outro ano, são as figuras anônimas, são aqueles que fazem história, embora não necessariamente saibam disto. Mas aqui entra outra frase feita, triste é o povo que precisa de heróis. A grande questão deste texto - se é que este texto levanta uma grande questão, ou alguma questão relevante – existiram dois 1968: O 1968 de luta, de marchas, de manifestações que se somam na eterna luta da humanidade na busca de sua emancipação e, o 1968 dos museus, daqueles que resumem tudo em uma manifestação de contra-cultura, criando espaço para um novo tipo de mercadoria. O 1968 unidade contraditória de valor de uso( espiritual e punheteiro) e, o valor de troca – “deixe um artista feliz” – é repugnante, fere a memória daqueles que tombaram nas legítimas lutas do povo. O 1968 que merece ser lembrado é apenas mais uma pedrinha no grande mosaico que é a luta de libertação da humanidade. Por último, vamos lembrar as barricadas da Comuna de Paris (1871) e o grito que ecoava nas trincheiras do povo: Estamos aqui pela humanidade!! Muito mais do que pela calça Jeans, pois se não for starup proteste!

Um comentário:

Helena disse...

HAHAHAHAHA.
MUITO BOM!
Beijos